terça-feira, 28 de outubro de 2008
Aún aquí
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Coimbra em Diálogos
Esse deveria ser o post sobre a viagem de Coimbra que ocorreu entre os dias 9 e 13 de outubro. Eu deveria descrever a cidade, as peculiaridades e todos os mínimos detalhes, exatamente como fiz no primeiro parágrafo, mas já faz muito tempo eu vou tentar fazer algo diferente. Ok! continua sendo um post sobre Coimbra, mas de alguma forma tentarei não ser convencional.
1º
- Putz, ta frio. Deve ta fazendo uns 15 graus, talvez menos. E Amanda ainda vai demorar uma meia hora. Se bem que é melhor do que se eu estivesse suando. Ei, que legal, tá saindo fumaça da minha boca...hehehe...primeira vez na europa. ¡joder! mas também não precisava estar tão frio. Que merda, já to xingando em espanhol, faz nem um mês que eu to aqui.
- Ramon?
- hey! Pensei que ia demorar mais!
- peguei um táxi.
2º
- Pronto, tu vai poder ficar aqui na sala, vou botar um aviso pra ninguém te incomodar.
- “Favor não incomodar, Ramon está a dormir.”
- a dormir? Hehehe
- é, os portugueses não usam gerúndio. Pode dormir até a hora do almoço.
- blz, até mais tarde.
- Como eu vou conseguir passar três dias dormindo nesse sofá?
3º
- Em um dia tu vai conhecer Coimbra, é uma cidade muito pequena, sem muita coisa pra ver. O único problema são as ladeiras, muitas ladeiras.
- Eu to percebendo, kramba, essa são as monumentais de Coimbra?
- ¡joder!
4º
- Por favor, qual é o autocarro que passa em Coimbra-A?
- É o 29, mas tem que ir para aquela outra paragem.
- obrigado
5º
- Vamos pra Associação dos estudantes, tem cerveja a 0,50 céntimos.
- Sério? 0,50 céntimos? Em Valencia mais barato que paguei foi 2,50€.
- Ah, e depois a gente vai beber shots!
- Shots? O que é isso?
- Você vai ver.
6º
- 1 shot por favor
- Do que você quer?
- Tequila
- 1 euro
- É hoje que eu fico bêbado!
7º
- Qual é a bebida que você mais gosta?
- Cachaça
- Não tem cachaça, mas tem parecido, é português, e é forte.
- putz, que forte!
- Aqui ta o dinheiro
- Náo, é por conta da casa.
- sensacional!
8º
- Vou fazer uma especial para você. Eu vou colocar fogo, você tampa, depois bebe. Tampa novamente e bebe!
- blz
Depois do ritual
- ¡joder! To bêbado.
9º
- Aline?
- oi?
- Onde posso conseguir um pano? Vomitei na sala.
- Vamos, eu ajudo.
10º
- Não há mais passagens pra Madrid, só amanhã.
- Eu não acredito! Então eu quero pra amanhã mesmo. Aquele filho-da-puta da outra estação me deu informção errada! Qual é o horário, por favor?
- O trem passa aqui a 00:10.
11º
- então até daqui a quatro dias em valência
- Até Valencia!
ps1: os trechos em itálico refletem pensamentos;
ps2: as falas não exatamente o que foi dito, mas refletem a realidade;
ps3: confesso que a inovação as vezes não sai do jeito que a gente queria, por isso considerem-se livres para criticar;
ps4: Até a próxima!
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Trens são fixe!
Contrariando meu bolso fui a “Estació Del Nord” na quarta, 8, e comprei as passagens Valencia-Madrid, Madrid-Lisboa. Eu decidi ir para Coimbra, onde Amanda está pelo PIANI. Devo dizer que viajar de trem na classe turística não é a maneira mais confortável, nem a mais rápida, mas, com certeza, é a mais divertida. No trem de ida para Madrid que partiu na quinta-feira, 9, as 17:50. Sentei ao lado de uma brasileira que vive em Valencia a cinco anos, pura coincidência. Kelly é de Recife e vive com a irmã e o cunhado espanhol. Engraçado que ela já ta na fase de falar palavras em espanhol no meio da conversa. A viagem foi bem agradável, aproveitei para tirar algumas dúvidas sobre Valencia e ela me contou as aventuras desses anos vivendo aqui. Ela está de viagem marcada para o Brasil e dessa vez vai tentar ficar em Recife.
O trem vindo de Valencia chega numa estação em Madrid chamada Portal de Atocha, aquela do atentado de 11 de março, e o trem que vai para Lisboa sai da estação de Chamartín. Por isso, eu tive que pegar o metrô. Quando esperava o metrô conheci um senhor da Galicia. Na Galicia se fala gallego, um idioma que é meio uma mistura de português e espanhol. Eu acho muito esquisito e por isso eu falava com ele em castellano e ele respondia em gallego. O mais legal foram as histórias que ele me contou. Ele disse que quando tinha 18 anos saiu da Espanha e foi tentar a sorte em outros países. Primeiro Venezuela, depois EUA e por fim Brasil.
Ele viveu por um ano no Rio Grande do Sul, em Nova Hamburgo, e disse que gostou muito. Aproveitou para falar bem de Lula e dizer que o Brasil será mais rico que a China. Porém a história que ele disse ser a mais interessante dessa temporada fora da Espanha foi no tempo em que ele vivia na Venezuela. Contou que quando estava em Caracas conheceu um alemão muito simpático, um colega de trabalho, que acabou se tornando seu amigo. O senhor gallego (não nos apresentamos, portanto não sei o nome dele nem ele o meu) disse que o alemão era um homem do nazismo que tinha fugido pra Venezuela. Segundo ele, um dia estava em casa já na Espanha e viu a foto do amigo no jornal como fugitivo nazista e ficou muito surpreso. Não fixei o nome do nazista que ele me falou, mas procurando na net descobri que era Harry Mannil (http://www.forosegundaguerra.com/viewtopic.php?p=50228). Não sei se era alemão, mas a história bate com o que ele me disse.
Já no Trem para Coimbra conheci Ana Sofia, uma portuguesa de Aveiro que tinha acabado de se formar em engenharia (esqueci qual) e que vinha desde a Itália de Trem. Ela era muito fixe (aprendi isso com ela, significa legal em Portugal) e me ajudou para que eu não perdesse a parada de Coimbra.
Voltando para Valencia, conheci uma australiana que estava pegando o trem para Barcelona, mas que na verdade iria para a Holanda, apesar de morar na Escócia. Nós estávamos meio perdidos e meio que ajudamos um ao outro. Enfim, viajar de trem é pura diversão, e caminho certo para conhecer pessoas dos quatro cantos do mundo.
Ah, e sobre Coimbra, como foi a viagem, as ladeiras, a bebedeira, convidar estranhos para minha casa enquanto estava bêbado, eu deixo para próxima. ¡Hasta ahora!