quarta-feira, 19 de novembro de 2008

E de repente...


Eu acredito que a vida é 50% planejada é 50% destino, alguns preferem dizer que é acaso, mas eu ainda sou do time do destino. Muitas vezes quando não se planeja as coisas saem bem melhor, mais divertidas. O inesperado dá um gostinho especial. Outras vezes quando você tem tudo muito certo, direcionado e de repente acontece um imprevisto, tudo parece perdido, não se tem mais chão, os planos vão por água abaixo.


Bem, essa pequena introdução é para dizer que meus planos foram por água abaixo. E que no dia em que recebi a notícia do funcionário da “extrangería” fiquei perdido por alguns momentos. Disse que se quisesse ficar um ano teria que voltar ao Brasil para solicitar um novo visto, sem outras opções, sem jeitinho brasileiro, sem esperanças.


Naquela manhã de sexta-feira estava frio e chuvoso, parecia que refletia exatamente o que eu estava sentindo. Tudo que havia planejado, sonhado e me preparado tinha sido desfeito em uma só manhã, em meia-hora. Primeiro tive vontade de chorar, mas quem me conhece bem sabe que eu tenho alguns problemas com isso e passei do choro para a raiva. Depois quis arrumar uma solução, liguei para minha mãe e tentei dar um jeito, mas, alguns dias depois, soube que também não daria certo. No fim comecei a aceitar com uma sensação de fracasso. Mas agora, depois de falar com meus amigos, com familiares, depois de pensar bem comecei a ver o lado bom dessa mudança de planos. E comecei a ficar feliz e até esperar pela volta.


Nesse momento tenho pouco mais de três meses de Europa e tudo que quero é aproveitar. O sonho ainda não acabou.

Até a próxima!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O jogo dos 7 erros europeu


Esse post é sobre os mitos que geralmente nós temos sobre a Europa. Antes de começar eu tenho de lembrar que estou num país europeu que não é exatamente o modelo de desenvolvimento do continente. E o único país que eu estive além da Espanha foi Portugal, portanto, não tenho essa autoridade toda para falar, mas como no Brasil nós costumamos colocar tudo no mesmo bolo, ai vão minhas impressões.

Sujeira na rua


Valencia é uma grande cidade, moderna, arborizada, bonita. Nas ruas há lixeiros e contêineres ecológicos por todos os lados, com separação de material para a reciclagem. Entretanto, há pessoas que jogam lixo na rua. E o pior, há fezes de cachorro para todos os lados. Tudo bem, não para todos os lados, mas numa proporção muito grande. Inclusive é um ponto muito interessante pra lembrar daqui, as pessoas dessa cidade adoram cachorros. Para redimir a cidade devo lembrar que todas as noites circulam uns carrinhos engraçados varrendo e lavando as ruas.


Violência

Bem, a cidade de Valencia, apesar de ser uma cidade de quase um milhão de habitantes, sem contar a área metropolitana, não é uma cidade violenta. Você pode andar nas ruas principais a qualquer hora do dia ou da noite sem se preocupar. Porém há guetos, ruelas e bairros que não são recomendáveis como em qualquer outra cidade do mundo. Mas se você assiste o noticiário na TV, vai ver que nem tudo são as mil maravilhas no país, e também no continente. Assaltos, seqüestros, assassinatos brutais, pedofilia, tráfico de drogas. O velho continente não está imune aos males do mundo moderno.


Desemprego

Só no mês de outubro na Espanha 200 mil pessoas perderam o emprego, a maioria no setor de serviços e indústria. A taxa de desemprego na Espanha é a maior da União Européia, todo o bloco sofre com a falta de emprego. Não é o paraíso como pensam os brasileiros.


Descaso do poder público

Todo dia vejo na TV gente indo reclamar do descaso do governo em alguma comunidade espanhola. Problemas como: ruas não asfaltadas, violência, prostituição, problemas com escolas. Enfim, apesar do comprometimento do governo ser bem maior, e as ações mais rápidas, sempre há alguma coisa que foi deixada para depois.


Pobreza

Há pobreza na Europa, mesmo que em menores proporções, ou mais camuflada. Há sim favelas, gente pedindo esmolas nas ruas, flanelinhas que te obrigam a pagar pra usar um local público, pais e mães de família que precisam da ajuda do governo para poder comer todos os dias (o que é um diferencial já que no Brasil nem isso as pessoas têm).


Preconceito

Todo mundo deve estar imaginando: Ah, essa eu sabia, preconceito contra imigrantes e tudo mais. Bem, realmente existe esse preconceito que todos já sabem. Mas há também contra outros europeus. É uma xenofobia generalizada. Os estudantes de intercâmbio na universidade são meio que isolados pelos espanhóis. Sejam eles Brasileiros, franceses, italianos ou peruanos.


Falta de conhecimento

Para quem pensa que europeu é tudo culto e informado ta muito enganado. A maioria não conhece mais do que a realidade em que vivem. Suas cidades, suas províncias, no máximo seu país. Numa aula da disciplina de Instituições Políticas Contemporâneas, para estudantes de comunicação o professor teve de explicar o que está acontecendo no Kosovo, para poder usar o "país" como exemplo. Porque uma boa parte dos estudantes não só desconheciam a atual declaração unilateral de independência do Kosovo, como também não tinham idéia do que se passa na região, nem do conflito com a sérvia, ou sobre a antiga Iugoslávia. Talvez eu possa estar sendo duro com o exemplo, mas isso é coisa que a gente aprende na escola no Brasil.


Enfim, são opiniões que fazem sentido para mim, mas pode não fazer sentido para outras pessoas que lerem. O que eu quero passar com tudo isso é que a Europa não é tão boa assim, e o Brasil não é tão mal como a gente gosta de dizer.


Até a próxima!